- Vale dos Pimentões
- Patsy, Lila & Luciene
A peça O Vale dos Pimentões do grupo Balaio de Gatos estreou no Circulo Social Israelita. Não pude ver pois estava totalmente mergulhado no lançamento do Bailei. Teatreiros tem isso, os trabalhos se tornam obsessão e parece que nada mais existe no mundo. No ano seguinte tentei assistir a peça no Projeto Unicena. Mas quando cheguei no Salão de Festas da Reitoria, já estava completamente lotado. Havia uma imensa fila esperando para uma sessão dupla. O Balaio já rivaliza com o Grupo Do Jeito Que Dá. De um lado o Balaio fazia teatro experimental, com narrativas fragmentadas e inserções multimídia enquanto que o Do Jeito Que Dá contava histórias com começo meio e fim. Nós éramos os bons meninos e elas eram as meninas más. Atração e rivalidade são sentimentos comuns entre artistas de teatro. Havíamos dividido o palco no início dos dois grupos. Abutres da Rebentação e Não Pensa Muito Que Dói fizeram uma sessão dupla no Teatro do DAD no final do ano de 82. A peça do Balaio entrava as 20 hs e a nossa as 22 horas. Mas como houve atraso acabamos em cena quase onze da noite. Mas o incidente mais grave foi que durante a apresentação, a sonoplasta usou o som no volume máximo queimando as caixas de som, que eu trouxera da minha casa. Fiquei muito irritado e fui discutir com o elenco dos Abutres. Para minha surpresa os rapazes mandaram as meninas brigarem comigo. Como o final da peça era feito com quase todos atores desnudos, acabei discutindo com três mulheres só de calcinhas. Não sabia se brigava ou olhava para o corpo delas. No final não deu em nada.
A coincidência da estréia no mês de outubro e o teatro lotado, só serviu para atrasar o meu encontro explosivo e criativo com Patsy Cecato que era junto com Luciene Adami e Lilá Vieira, uma das estrelas do Balaio do Balaio de Gatos.
Outubro 8.
- Terceira apresentação.
Bateu uma gripe, uma dor no corpo, um mal estar. Mistura de cansaço e stress. Eu estou sem voz, completamente rouco. Mesmo assim faço a peça na garra.
Ressaca da estréia.
Elispe asmático
Uma das coisa que aprendi nestes anos de psicanálise foi de lidar com as sindromes psicosomáticas. É uma espécie de loucura do corpo. Quem pira não são as idéias, mas sim o corpo. Acho que foi isso que aconteceu. Hoje estas coisas tem o nome de stresse (cuja tradução é acento!) e coisa e tal. Pois eu vivi isso e entendo que tem coisas que a mente não é capaz de digerir. Quando isso acontece, o corpo toma conta e sente aquilo que a mente está tentando evitar. Psicossomático é o mesmo que somatopsicótico.
Outubro 9.
- Cadê o público?
Um negócio estranho aconteceu. Tivemos meia casa. Houve um problema nos pontos de vendas e metade dos bloquetos de ingressos se perderam numa gaveta que só foi aberta um dia depois da apresentação.
Anotação ao pé da página: dinheiro Caixa / foto-filme / aula-tarde / Geraldo Lopes.
Um comentário:
Muito bonita a foto da peça do Balaio de Gatos, Julio. E extremamente essencial esse registro histórico que estás fazendo no teu blog acerca de uma peça tão importante para os gaúchos quanto o "Bailei na Curva". Parabéns pela iniciativa e por todo o trabalho!
Postar um comentário