quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009




Outubro, sábado, 1.





  1. Estréia de Bailei na Curva no Teatro do IPE.


Viramos a noite no teatro acertando o ensaio de luz. Foram nove meses de ensaios vinte e quatro horas de trabalho de parto. Fui dormir as sete da manhã. Ao meio dia acordei e fui assistir o jornal do almoço. Surpresa minha que neste dia apareceu o Abrão Slavutzky na TV dando uma entrevista. Imediatamente liguei para ele e convidei para a peça.
No teatro, levei uma garrafa de conhaque. A cada risada eu tomava um gole. Terminei e peça bêbado.




Outubro, domingo, 2.





  1. Espetáculo do segundo dia.



O espetáculo do segundo dia tem a tradição se ser ruim. A explicação é simples. Na estréia o elenco está tenso e concentrado. Erra pouco. No segundo dia a peça ainda não está suficientemente sob controle, mas não existe mais a ansiedade da estréia. Os atores relaxam e a encenação afunda. Este é o esquema clássico. Falamos sobre isso antes de entrar em cena. O segundo dia foi ainda melhor do que a estréia. O fato é que não havia espaço para erros pois estávamos ensaiando no teatro há bastante tempo. Isso faz diferença.

Outubro, 3, segunda-feira.





  1. Crítica na ZH.


  2. Reunião de avaliação com o Geraldo Lopes.


Encontro o Oscar Simch na Rua da Praia. Manhã de sol, caminhava e a luminosidade da cidade alimentava meu bem estar. Até hoje me fascina o centro da cidade. Tenho pena de São Paulo e do Rio de Janeiro que já perderam os seus. Oscar segura o meu braço. Saiu a crítica do Cláudio Heemann na Zero Hora. Ele me mostra:



"Alerta na observação realista, simpática na caricatura cômica, precisa no retrato de costumes, autêntica na linguagem coloquial Bailei na Curva vale tanto como texto quanto interpretação e encenação. Aliás, parece congregar do modo indissolúvel estes três aspectos. O espetáculo brota com facilidade de uma movimentação bem desenhada e ritmada. O acerto de diálogos encontra correspondência ma vitalidade e adequação dos atores. Tudo acontece num palco nu, vestido apenas de algumas cadeiras. A narrativa se desdobra com clareza e a comunicabilidade dos desempenhos não encontra obstáculos para a sensibilizar a platéia. Há um toque poético, não isento de certa melancolia, que aprofunda o alcance do quadro proposto. Fica, com isso, demonstrada a harmonia e afinação do elenco, além da sensibilidade e inteligência da direção. Regina Goulart, Cláudia Accurso, Lúcia Serpa, Márcia do Canto, Cláudio Cruz, Flávio Bicca Rocha e Júlio César Conte merecem as flores que o público da estréia atirou no palco. "



Foguetório na minha cabeça.

Reunião com Geraldo. Ele é porta-voz de um questionamento que lhe foi feito: O que o Júlio vai fazer agora? Qual será o próximo trabalho do Júlio. Olhei para o Geraldo espantado, tentando decifrar aquele enigma. A peça estreara há três dias atrás e já queriam saber o que seria feito depois?



Ainda bem que não precisei responder.

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