sexta-feira, 10 de abril de 2009

23 OUTUBRO DE 1983

Outubro, domingo, 23.

  1. Vídeo na Usina.
  2. Décima apresentação BC.

Céu nublado e vento frio. Fui para a Usina do Gasômetro para participar do Beijo Ardente, Overdose. Eu seria um técnico de explosivos que explodira paredes para localizar o Vampiro de Porto Alegre. Fui com um terno de linho branco que meu pai usara na sua juventude. Feita a caracterização, óculos de aro de tartaruga, uma bandagem na cabeça e vários curativos. Eu era um técnico um tanto relapso que freqüentemente falhava na quantidade de dinamite necessária. Havia uma mobilização muito grande, várias viaturas da Brigada envolvidas, técnicos de som e luz, pessoal do cinema e da publicidade ensaiava os primeiros passo. Gravei a cena. Só no ano seguinte o vídeo ficou pronto. Foi mais um dos eventos marcantes do ano de 1983. Teve a participação de quase todos artistas da minha geração. Assisti o vídeo no Teatro do Instituto Goeth. A direção era da Flávia Moraes em parceria com o Hélio Alvarez. Tinha no elenco Andréa L´Abbate de São Paulo, Antonio Carlos Falcão, Oscar Simch, Pilly Calvin, Claudia Meneghetti, Careca da Silva, Bira Valdez, Grupo Cem Modos, Mery Mezzari, Jesus Iglesias, Sérgio Silva, Marília Rossi, Nora Prado, João Pedro Gil e mais um grande elenco. Diálogos de Telmo Ramos, talentoso redator de publicidade, cenografia de Fiapo Barth, figurino e maquiagem de Fernando Zimpeck. De cima do telhado da Usina, Para Viajar No Cosmos Não Precisa Gasolina, música do Nei Lisboa, ilustrava com uma grande panorâmica de 360° uma cidade que dava seus primeiros passos na produção cultural em direção de um profissionalismo crescente. Reunidos muitos acabaram fazendo carreira no cinema, na publicidade e nos palcos. Era um mutirão cultural. Pela segunda vez naquele ano que um conglomerado de artistas se reuniu. A primeira fora nas filmagens dos Verdes Anos. O objetivo do Beijo Ardente, não era só fazer cinema como em Verde Anos, mas chamar atenção para a Usina, impedindo que ela fosse demolida O desejo coletivo era de que, algum dia, a Usina se tornasse um Centro Cultural. Em 2002 assisti em sessão especial foi assistido por quase todo o elenco, vinte anos depois no cinema da Usina do Gasômetro, já transformado num dos maiores centros culturais do Porto Alegre. As coisas aconteciam e a gente vivia aquilo sem saber que estava fazendo uma campanha histórica.
Foi nos créditos do Beijo Ardente que pela primeira vez meu nome apareceu escrito sem o César. Na hora não notei.

Décima apresentação do “Bailei na Curva”, teatro lotado.

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