segunda-feira, 4 de maio de 2009

5 de dezembro de 1983


Dezembro, 5.
  1. Primeira viagem do Bailei. Caxias.

Viagem para Caxias do Sul foi uma volta para casa onde nasci. Por coincidência, a primeira viagem do Bailei. O ônibus entrou em Forqueta. Passei em frente a minha casa. Na esquina tinha um jardim na frente com um avarandado. As janelas dos quartos viradas para a rua e aos fundos um pátio com árvores frutíferas, horta, galinheiro, chiqueiro e estrebaria. A casa ficava em frente à Cooperativa Vinícola que meu Avô Joaquim idealizou e meu tio e meu pai trabalharam. Ficava também perto da praça que meu pai construiu quando foi Prefeito de Caxias do Sul. Perto da estação do trem, onde alguns metros adiante ficava o armazém onde minha mãe nasceu e da casa da Vó Virgínia. Passamos pelo campo de futebol do União Forquetense, o Grupo Escolar onde estudei e subimos até a igreja e passamos pelo cemitério. Passei por toda essa Forqueta da minha infância, Forqueta dos meus sonhos. Forqueta que não existe.
Depois deixamos o Airton Dias, operador de luz, no Desvio Rizzo e fomos para Caxias para a apresentação. Lembro que uma mulher que assistiu e veio falar comigo. Falou seu nome. Maria de Lourdes, fora minha colega de curso primário no Grupo Escolar. Uma mulher já madura, mas havia alguns traços da menina que sentava na classe a minha frente, algo familiar. Havia nela, como em todos nós, alguns traços daquela criança que um dia fomos. E isso não é uma metáfora nem uma linguagem simbólica, há sempre uma coisa física que nos relembra algo que um viveu em nós. E a minha surpresa não é a permanecia da criança, mas como nos transformamos. A pessoa na minha frente era uma estranha mas falava uma língua familiar. Nos abraçamos. À noite no apartamento dos meus pais, sonhei com dragões. Alguma coisa acontecia, algo de novo que eu não sabia o que.

Nenhum comentário: